A experiência de trocar um March por uma Xterra

A experiência de trocar um March por uma Xterra

Tudo começa com uma decisão. No nosso caso, de um casal e seus objetivos pessoais. Moramos em uma pequena cidade turística e enfrentamos diariamente muitas ruas de terra, aliás, moramos numa rua não-asfaltada, mas numa cidade sem semáforo 👻!

Nós migramos de um Nissan March 1.6 SL ano 2015 - flex, potente, compacto, maravilhoso, silencioso; para um Nissan Xterra 2005 - diesel, grande, maravilhoso e nem tão silencioso assim. Estamos felizes? Sim, e muito! Eu amava nosso Quibe (apelido do March), mas o Thunder Tank mudou nossa vida.

Eu sei que parece exagero, mas a Xterra nos propiciou a continuar um projeto chamado Mapa do Mato (o blog que você está lendo). Podemos ir a qualquer lugar, com muita autonomia, seja na terra ou no asfalto, e ainda, levar a Leoa, nossa labradora mais que sociável.

O que fazer para encontrar a sua Xterra?

O primeiro desafio é encontrar uma Xterra, alguém querendo vender, que esteja em boas condições e caiba no bolso. A Xterra foi fabricada no Brasil de 2003 a 2008, com a Nissan mantendo apenas a Frontier e, por isso, não tem muitas unidades disponíveis por aí.  

Depois busque consultorias e fóruns, pessoas que já tem uma Xterra podem tirar muitas dúvidas e te ajudar a saber coisas que você não sabe. Nosso principal consultor foi nosso vizinho, Plácido - um entusiasta, proprietário e profundo conhecedor da Xterra.

Usamos canais de Whatsapp, Olx, Usado Fácil e grupos/anúncios de Facebook para encontrar a nossa. E para escolher entre as disponíveis, utilizamos os seguintes critérios:

Critérios para escolher uma Xterra

Observamos os itens abaixo e fomos eliminando conforme não estavam no nosso parâmetro. Dica: Faça uma planilha com os links dos anúncios e os critérios, para saber exatamente o que foi eliminado... isso facilita o processo de seleção.

Ano de fabricação: Procuramos uma até 2005/1, porque a bomba de combustível é de injeção mecânica, depois (2005/2 em diante) é eletrônica.

Optamos por isso, porque moramos no interior do Brasil e nosso objetivo ao trocar de carro foi viajar por lugares ermos. Apesar de não sermos trilheiros, avaliamos que seria mais fácil a manutenção se a bomba fosse mecânica.

Km rodado: Os kms rodados devem condizer com o ano de fabricação. Por exemplo, uma Xterra abaixo de uns 100mil km rodados, é bem provável que tem algo errado (ou uma raridade), afinal, em um carro com 10 anos de uso, quando a média de um carro pouco utilizado é 10mil/ano, é preciso ficar atento.

Nós consideramos os veículos entre 160 a 220mil Km. E deixamos os que estavam muito distantes dessa faixa.

Histórico do carro: utilizamos o aplicativo Carcheck, que além de mostrar se o carro foi de leilão, teve sinistro, ainda dá os links para você verificar multas, documentação, em todos os órgãos de fiscalização. Custa R$40 por veículo.

Nós eliminamos todos que desconfiávamos serem de leilão, ou que o preço estava muito abaixo da média. Observamos também os objetivos da venda e se o carro era utilizado para trilhas pesadas.

Manutenção: Conforme os kms rodados, algumas peças são de troca obrigatória, e isso mostra o cuidado dos atuais proprietários com os veículos, por isso confirme a data da última revisão periódica e peças trocadas.

Segundos relatos, os problemas sérios com Xterra são: volante do motor bi massa e atuador da embreagem. Dá uma olhada nesse post:

Xterra em detalhes de vários proprietários. - água X terra
Vários proprietários dos veículos Xterra costumam divulgar seus problemas a fim de trocar experiências com outros, fazendo assim uma rede de amigos em prol de uma manutenção e prevenção de jipe espetacular da Nissan, que teve a infelicidade de parar sua produção no Brasil.

Preço: Esse é um quesito de avaliação individual, a pergunta é: até quanto estou disposto pagar por uma Xterra nos critérios que quero? Lembrando que depende do lugar que você mora, será muito difícil encontrar uma por perto, assim, terá que ir buscar e isso aumenta os custos.

Modificações: Geralmente, quem tem uma Xterra gosta de fazer modificações no modelo original. Não tem problema nenhum, desde que você esteja ciente que isso pode gerar multa, ou ter que voltar itens originais para passar na revisão de transferência, ou ainda, fazer todas as alterações de características do veículo junto ao Detran de seu estado.

Nós passamos por isso com o farol de led, tivemos que comprar um par de farol original (não é barato), demorou 15 dias para chegar e ainda tivemos que fazer adaptações para resolver, pois o farol americano utiliza lâmpadas do tipo 9007 e as brasileiras, do tipo 9004.

Intuição: Essa parte ninguém fala, mas use sua intuição, descarte aquilo que está estranho. Como são carros antigos, sempre terão um probleminha ou outro, mas quando a conversa fica estranha, é hora de dizer não.

Com isso, chegamos a poucas opções pelo Brasil e escolhemos uma de Santa Catarina. Mas após tudo combinado, no dia que estávamos embarcando para dar uma olhada, e quem sabe trazê-la conosco, o proprietário a vendeu, e nos avisou somente após a venda.

Foi um transtorno, porque moramos em MT, estávamos em SP resolvendo assuntos particulares e com as passagens compradas para SC. O plano era chegar, levar o carro para revisão, e se estivesse tudo certo, ir no cartório, banco para voltarmos com a nossa Xterra. Como tudo deu errado, tivemos que recomeçar o processo.

Encontramos outras duas, uma em MG e outra em SP e resolvemos dar uma olhada na de Minas (Cobra) e se não desse certo, na de SP (Minecraft).

Últimos passos para a compra de uma Xterra

Teste Drive e revisão mecânica: Não compre sem levar na revisão mecânica, seja onde for buscar a sua, encontre uma mecânica especializada em diesel 4x4 e leve para a revisão, assim você já fica sabendo quais os problemas que tem e pode vir a ter e se é seguro pegar estrada com ela.

Nós fizemos a revisão da nossa e com tudo certo, finalmente nos tornamos proprietários de uma Nissan Xterra 🎉, a Insurgente Cobra.

Documentação, cartório, burocracias: Confira a documentação, faça a compra reconhecendo firma em cartório do CRV, e lembre-se que na transferência para outro estado, é preciso passar pela revisão e emplacamento.

Agora, vem  a parte mais legal, olha ela aí, na terra e desbravando o cerrado.