A nossa experiência de partir ao desconhecido - as primeiras duas semanas de viagem

Como esquecer da véspera do início da viagem, um dia em que acordei extremamente sentimental, e sem entender a razão?
O dia em que, ao me lembrar dos sabiás - que viviam na mata nos fundos de casa, que faziam ninhos sob o telhado e visitavam diariamente a minha mesa de trabalho - começava a chorar, quase soluçando?
O dia também, que fiquei com o coração mais que apertado, pois sabia que minha filha de sangue e também minhas filhas de coração, não poderiam nos acompanhar fisicamente?
Isso sem falar do meu irmão e alguns amigos queridos, que eu passava horas e horas conversando sobre as mais diferentes coisas...
E, ainda assim, parti. Ou, melhor dizendo, eu, a Tiemi e a Leoa, entramos em nossa nova casa - o carro, nos despedimos de nossa rua com um olhar saudoso, e seguimos adiante: com lágrimas nos olhos e lindos sorrisos estampados, pois, no íntimo, sabíamos que aquela era a hora para nos jogarmos rumo ao desconhecido a fim de conhecer mais sobre nós mesmos e o que viemos fazer aqui nesse mundo.

O primeiro dia de viagem já foi o primeiro teste. Planejamento que não se consumou, escolha para local alternativo onde dormir feito já de noite e, com isso, inseguranças aumentando. Por outro lado, a certeza, desde o início, que nada seria exatamente 'certo'... que incertezas e adaptabilidade seriam dois termos que caminhariam conosco, em boa parte de nossa jornada. Quase como dois outros companheiros extras.

As provações(?) continuaram nas semanas que seguiram: acidentes com os dois telefones (que tiveram de ser trocados), bateria do carro com problema (também trocada) e ainda outro, no cardan.
Nosso vídeo em Tesouro:
Muito dinheiro gasto com isso, e ainda não estávamos nem 400km distantes de modo ponto de origem.
Mas isso era apenas um lado da moeda... Era o olhar do copo meio vazio.
Sob a outra optica, a do copo meio cheio, as coisas foram acontecendo como eram para ser. Já em Batovi, encontramos pessoas solícitas, como o rapaz que nos levou até a Cachoeira da Fumaça, e também pessoas queridas, que fomos nos afeiçoando, como o Seu Damião.
Nosso vídeo em Batovi:
Em Tesouro, não foi diferente. Quando o carro começou a dar problemas - seja pela bateria ou pelas cruzetas do cardan, não foi durante algum passeio com trechos mais pesados ou em locais ermos... Foi só depois que estacionamos o carro em nossa base - a praia do rio Garças - que ele deixou de funcionar. E, mesmo tendo que ir até Rondonópolis para resolver as cruzetas, fomos e voltamos sem problemas.
O suporte que tivemos em Tesouro também foi incrível. A prefeitura nos apoiou, preparando as instalações da praia para que pudéssemos ficar melhor acomodados. Como reciprocidade, disponibilizamos nosso material para que possam utilizar de forma promocional. A Tiemi, voluntariando-se, ajudou a preparar projetos culturais para que o município de parquíssimos recursos possa articular outras atividades. E, com muito orgulho dela, informo que teve 3 projetos aprovados :D
Talvez, o mais importante nessa jornada - que cada vez mais a percebo como uma jornada de auto-conhecimento - é abrir-se para as situações que vão aparecendo... seja estar aberto para as pessoas, a natureza e demais coisas... Ser mais água, como dizia o Bruce Lee.
